Pesquisa avalia
bactéria comum em galões e garrafas de água mineral
Estatísticas indicam que, quando
a água está contaminada, ela é responsável por cerca de 80% das doenças e por
mais de um terço dos óbitos nos países em desenvolvimento.
A cada 14 segundos uma criança
morre no mundo também por conta de infecções ligadas à água. Assim, qualquer
trabalho que contribua para a melhora de sua qualidade é bem-vindo. E é isso o
que busca a nutricionista Samara Custódio Bernardo em sua dissertação Avaliação
da suscetibilidade a antimicrobianos e formação de biofilmes em Pseudomonas
aeruginosa isoladas de água mineral, produzida e defendida no Instituto
Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
A Pseudomonas aeroginosa é uma
forte produtora de biofilme, o que sugere que é necessário ter muito cuidado na
higienização dos recipientes de água.
No trabalho, Samara resolveu
investigar uma bactéria comumente presente na água, chamada Pseudomonas
aeruginosa. “Eu a escolhi por ela ser oportunista e ocasionadora de infecções
hospitalares e doenças que podem ser perigosas para pessoas imunodeprimidas”, justifica.
A pesquisadora avaliou o micro-organismo isolado da água mineral de galões de
20 litros e de garrafas de um e meio e de meio litro. O estudo foi dividido em
três etapas: uma primeira na qual
foram comparados dois métodos para isolar a Pseudomonas aeruginosa primeira, da
água; uma seguinte em que se estudou
sua sensibilidade a antibióticos; e uma
última que analisou a capacidade da bactéria de última, formar uma película
para se proteger, conhecida como biofilme.
Os dois métodos avaliados por
Samara na primeira etapa de seu projeto foram o de filtração por membrana e o
do número mais provável.No primeiro, a pesquisadora passava a água por uma
espécie de funil com uma membrana filtrante em seu topo. Em seguida, essa membrana
era colocada em uma placa de Petri, em contato com um meio de cultura sólido,
que contém nutrientes para favorecer a reprodução das bactérias. Assim, se
algumas bactérias ficassem presas à membrana, elas se reproduziriam na placa,
indicando a contaminação da água.
No outro método, uma amostra de
água era coletada e dividida, a partir de concentrações diferentes, entre
vários tubos de ensaios. Estes recebiam também um meio de cultura, dessa vez,
líquido. Por meio de uma tabela estatística, concluía-se se a água estava ou
não contaminada. Dentre os dois métodos, o trabalho de Samara indicou o da
membrana filtrante como o melhor, por ser mais simples e exato.
Em um segundo momento do
trabalho, verificou-se a susceptibilidade da Pseudomonas aeruginosa a antimicrobianos.
“A bactéria não apresentou resistência, o que é uma boa notícia”, afirma
Samara, alertando, porém, que sua pesquisa se limitou a avaliar cepas de bactérias
encontradas no ambiente e não as cepas clínicas, ou seja, de micro-organismos
encontrados nos hospitais.
Por fim, a nutricionista
investigou a capacidade da Pseudomonas aeruginosa em formar biofilme – película
que algumas bactérias são capazes de criar ao se unirem e se aderirem a uma
superfície; por exemplo, o limo negro que muitas vezes encontramos no solo ou
entre os azulejos de um box de banheiro. Tal película as protege de ações
externas e dificulta e desinfecção no local onde as bactérias a formam.
Para a investigação em questão,
Samara “semeou” os micro-organismos isolados em placas com pequenos orifícios e
as colocou em um meio de cultura líquido. Depois, por inúmeras vezes, submeteu
o material a uma estufa, lavando-o em seguida. Feito isso, a nutricionista aplicou
um corante às placas e as examinou, utilizando um aparelho específico capaz de,
pela coloração dada, indicar o grau de aderência e formação de biofilme das
bactérias. “Constatamos que a Pseudomonas aeroginosa é uma forte produtora de
biofilme, o que sugere que temos que ser muito cuidadosos na higienização dos
recipientes de água”, explica a pesquisadora.
Resumindo, Samara concluiu que
dos métodos estudados, o de membrana filtrante é o melhor; que a Pseudomonas
aeruginosa não apresenta resistência a antibióticos (considerando-se cepas
ambientais); e que é forte produtora de biofilme. Desse modo, a nutricionista faz
algumas recomendações aos consumidores:
- sempre verificar se a empresa
de água mineral é de confiança. Indústrias sérias prezam por uma boa
higienização, quando, por exemplo, reaproveitam os galões de 20 litros;
- verificar se o comércio que
vende a água também é de confiança e se seus proprietários prezam pela higiene
do estabelecimento;
- antes de utilizar um galão,
passar um pano com álcool a 70% em sua superfície.
- limpar regularmente o suporte
para os galões;
- jamais reutilizar um galão,
enchendo-o com água de outra fonte;
- se preferir o uso de filtros,
trocar regularmente a vela do mesmo de acordo com as especificações do
fabricante.
Por: Pablo Ferreira
Fonte: Agência Fiocruz
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